Escola de Artes Liberais

Alcuíno de York

Cultura, Ciência e Educação à Luz da Tradição

Entre abismos e belezas: a obra “Os Irmãos Karamazov” de Fiódor Dostoiévski (Parte III)

As três tendências psicológicas e o Sentido

Dostoiévski caracteriza três tendências psicológicas modernas: o prazer (hedonismo), a revolta[1] e a descrença (niilismo). Estas três tendências não são profundamente diferenciáveis, são todas primas e sempre se candidatam para guiar as almas em tempo de vácuo de Sentido[2]. O homem angustia-se ao não encontrar significado, ao não conexionar os pequenos acontecimentos de sua vida em um todo coerente, ao não subordinar seus sofrimentos a uma possível vitória futura. Sem um propósito mais elevado, fica perdido este homem, fica sem sentido. Pois o mundo não é apenas um mundo de coisas, mas é também nossa ação diante os significados destas coisas[3], quer elas os emanem ou nós lhos atribuamos. Assim interagimos com o que nos é externo: subordinando objetos e acontecimentos[4] ao significado que fazemos deles, construindo nossa biografia, significando nossa vida e aquilatando-a em valor. E isto, necessariamente, significa transcendência: ir além das coisas como coisas, além do momento passado e presente, integrando-o em um propósito maior, valorando-os e atribuíndo-lhes unidade. Sem este fio condutor de Sentido não há força suficiente para nos mover, não há tensão[5], o homem fica à deriva.

Aliocha é a única personagem a transcender as suas sofrências e encontrar sentido para fora do desespero que lhe ofertou sua casa paterna. O caçula, não se sabe por qual alquimia oculta de seu espírito, decidiu apartar-se da revolta e quis compreender seu sofrimento, encontrar Sentido no deserto que herdara, na casa paterna edificada na areia.

Aliocha, escolhe o sacerdócio, dedica-se à sabedoria com afinco e torna-se discípulo do Mestre ortodoxo[6] Zózimo. Ele vai buscar o Sentido na espiritualidade, já em outro plano, numa Casa Paterna de natureza superior, celeste. O Mestre pede à Aliocha que ele não se limite à vida ascética do mosteiro, mas que vá ao mundo e auxilie as pessoas, sendo exemplo e luz para quem precisasse.

Assim, já pelo mundo, Aliocha é a personalidade que dura, que persevera. Gentil e tímido na aparência, mas dotado de inquebrantável força interna,  os conflitos lapidam seu espírito ao invés de engolir sua personalidade no redemoinho dos acontecimentos. Ele não se desintegra: absorve suas circunstâncias, significa e ressignifica-as, dando-lhes sentido e, portanto, subsiste. Ele não quer a resposta aos seus sofrimentos de maneira imediata, mas vai aos poucos, silenciosamente, junto conosco,  decifrando a natureza humana; ele apresenta o traço da paciência e é prudente diante os acontecimentos, Virtudes que faltam a todos os outros irmãos, que tropeçam em decisões precipitadas tentando apaziguar sua situação existencial conflituosa.

As virtudes de Aliocha

Aliocha nasce no bojo das trevas, na noite da consciência, mas é a semente da possível aurora. Ele é a linha mestra, o fio de Ariadne que Dostoiévski utiliza para ir pouco em pouco revelando-nos a vida humana na terra. É como se Aliocha fosse a nossa própria consciência, ancorada e desperta, observando as flutuações de todas as outras personagens, inconscientes e errantes.

Aliocha apaixona-se por Lisa, moça que antes era paralítica e fora curada pelas preces do mosteiro. Ela é doce, meiga e ama Aliocha, mas em um momento de arroubo sentimental, ela confessa odiar tudo e à todos. Cansa-se do fardo da existência e revela, assim como as outras personagens, uma rebeldia ao Cosmos, o caminho da revolta, da negação:

“- (…) Eu não quero simplesmente fazer o bem, eu quero fazer o mal, nisso não há doença alguma.
– Por que fazer o mal?
– Para que não reste nada, em parte alguma! Ah, como seria bom, se não restasse nada. Sabe, Aliocha, às vezes eu penso em fazer muito mal, tudo o que há de pior, e fazê-lo por muito tempo, escondida, e de repente todo mundo ficaria sabendo. Então todo o mundo me cercaria e me apontaria com o dedo, e eu olharia a todos. Seria muito divertido. Por que é tão divertido, Aliocha?!
– Porque sim. É a necessidade de aniquilar algo bom, ou mesmo, como você disse, de pôr fogo. Isso também acontece.
– Ah! Como eu o amo, quando você diz assim: eu acredito. E você não mente de forma alguma, alguma! (…)

Aliocha tem uma dupla atitude, ambas sinceras: ele não censura e não condena Lisa pelo comportamento aparentemente “anti-natural”. Mas em sua sapiência, ele reconhece humildemente o impulso maléfico, sabendo que ele brota de um desejo que não pertence só à Lisa, mas à própria natureza humana. Ele compreende o comportamento com sobriedade, sem espanto e sem disfarce: o potencial humano para destruição. Aliocha vê as coisas pelo que são, e as aceita sem julgar. Lisa apenas dava voz a uma constante da humanidade, que geralmente é silenciada, isto é: por que fazer o mal? Porque sim, porque é uma opção disponível ao homem, e ele assim às vezes o deseja.

Vendo Lisa neste estado cataclítico d’alma, ele dá-lhe apoio, impedindo o agravamento da situação. Aliocha é então aquele que compreende com humildade, cessando o julgamento automático, gatilho voraz da cognição humana.

Ele é também a bússola apontando o norte, que orienta, aconselha Mítia, Ivan, Grúchenka e tantos outros, buscando auxiliá-los a encontrar um caminho. Ele é a casa paterna que seus irmãos não tiveram. Aliocha busca harmonizar todos os momentos amargos e agridoces numa sinfonia maior, subjugando tudo à uma só lei: à lei do amor, à lei do Cristo. Aliocha olha em torno de si, vê e sente as dores, as incoerências, o caos, o desespero, e em seu espírito desperta-se a necessidade desta lei maior, a única possibilidade que vê para a existência humana e seu sentido final: o perdão e a redenção.

O Bom Samaritano

A dualidade em Dostoiévski

Mas é difícil falar de Aliocha, muito mais do que falar de seus irmãos, pois Aliocha é simplesmente um homem bom. E que tema há em um homem bom? Quando se encontra um, é difícil saber o que lhe ofertar além de uma sobrancelha levantada, em suspeita, então procede-se logo a encontrar uma mancha, algo para eclipsar a sua luz. Há mais estudos de psicopatas do que de homens de cabeça clara. Explicar o Bem e o Amor não é tão fácil. Qual a explicação para esta benignidade de Aliocha? E qual é a explicação para o Bem em si? Em um mundo tão confuso e sofredor como este, qual é a razão para se ser bom? Por que não se chafurda de uma vez em orgias, revolta-se, descrê-se de tudo? Por que não abraçar de uma vez o romantismo sem início, sem fim? O que há de tão errado em Sodoma? Por que não se libera tudo de uma vez e se acaba com este moralismo mesquinho, afinal, é o homem a medida de todas as coisas[7], e se ele quiser, assim será feito, e tudo estará bem, não há escala universal, tudo será como quisermos, a escala natural é a nossa…

A diferença intelectual de Dostoiévski, que o põe num patamar acima, é a sua capacidade de prever a consequência das ações humanas. Ele descreve com clareza “onde-que-isso-vai-dar-afinal”. As ciências humanas e sociais tem sido muito boas em propostas de paraíso social, mas tem sido absolutamente aleijadas na previsão das consequências de tais propostas. Dostoievski, permanece pois, uma vacina para as quimeras, e um bom começo para quem quer suspeitar de si, de que haja algo mais do que suas próprias fantasias. Ele vê como tudo pode despedaçar-se na falta de cuidado, na falta de cura, pois sua obra não é só uma estorinha, mas um tratado das possibilidades humanas.

Ele nos revela que parte do sofrimento humano está na sua capacidade de dizer “não”, nesta sua qualidade prometéica. Podemos escolher não sermos bons, assim como podemos escolher sê-los. Todos os três filhos nascem do mesmo pai, surgem na noite da consciência, mas escolhem caminhos diferentes. Dostoiévski acaba com a concepção unilateral de que o homem é produto ambiental puro, nele há uma consciência que não pode ter surgido do nada, nem de estruturas sociais pré-concebidas, pois, apesar de influências, a consciência determina, decide, opta, elege, planeja e estabelece intenções.

A obra mostra a força que a personalidade humana exerce no mundo e as consequências que daí brotam. As personalidades criadas por Dostoievski possuem sempre um arco complexo de ações e reações, que não se reduzem ao mal e ao bem hollywoodianos.

Até mesmo em Aliocha, a boa alma,  Dostoiévski não lhe confere santidade. De forma muito menos selvagem e um tanto inocente, o próprio Aliocha sente-se atraído por Grúchenka, a mulher que, como um buraco negro, suga os Karamazovs para si. Depois do tempestuoso julgamento de Mítia, “aos olhos de Aliocha, a face de Grúchenka se tornaria ainda mais sedutora; ele adorava entrar naquela casa e encontrar aqueles olhos: os olhos dela.” Na obra não há maniqueísmos superficiais, mas  uma intrincada dualidade que sujeita a todas as personagens. Há latente um mistério profundo, uma briga cósmica por detrás das personagens, que Mítia declara num instante de epifania:

“A beleza é algo terrível que nos aterra! Terrível por ser indefinível: não podemos definí-la pois Deus só nos deu enigmas. Os extremos se tocam; todas as contradições vivem juntas (…) Há tantos mistérios! Tantos enigmas aterram o homem na terra. Solucione-os como quiser e saia seco das águas… A beleza! O que não posso suportar é que o homem de coração elevado, dotado de tanta inteligência, a princípio é o ideal da Madonna[8] e no final é o ideal de Sodoma[9]. E, coisa mais aterradora ainda: quem já leva o ideal de Sodoma, em sua alma, tampouco rejeita o ideal da Madonna; o coração arde por ela e queima em verdade, em verdade, como em seus jovens anos verdes, inocentes. Não, a natureza do homem é vasta, muito vasta mesmo, eu desejaria restringí-la. Isso é intolerável! O que parece ser uma vergonha para a razão é uma beleza para o coração. É em Sodoma que existe a beleza? Acredite, é precisamente em Sodoma que ela existe, para a imensa maioria das pessoas. Você sabe a solução desse mistério? O pior é que a beleza é não apenas algo terrível, mas também algo misterioso. É o diabo a lutar com Deus, e o campo de batalha é o coração humano.”

E diante desta dualidade, estamos nós com a escolha. E Dostoiévski mostra o resultado das opções de Mítia e Ivan, que não alcançam liberdade, não encontram paz em suas ideias, mas sim o cárcere e o espírito padecido, o deserto de sentido.

A redenção, a alegria e a casa paterna

Mas Aliocha não se amargura. Vendo o sofrimento de seus dois irmãos, que eram, afinal, duas crianças que se perderam na ausência de um caminho, compreende a importância daquilo que chamou de “a casa paterna”: as boas memórias dos quintais de sua infância. Mais do que a educação formal, são as imagens e momentos preciosos, o cuidado dos pais, o amor da família, que se grava em nossa alma, o amor plantado pelos que nos geraram. E não só isso, mas todos os bons momentos que conseguimos desfrutar em nossa vida, de amizade, superação, fraternidade. Quando encaramos abismos e o breu da noite, as vivas imagens, as cores e chamas do amor da casa paterna, dos momentos eternizados pelo amor dado e recebido, estes podem nos reacender os corações e nos direcionar para uma escolha mais acertada, que não termine no ponto em que começou, mas nos leve adiante, numa transcendência. Para ir além, deve-se voltar à origem, deve-se ser criança, para se ser homem.

Aliocha é pois o ideal cristão de Dostoiévski, é o grande Sentido ao qual apela, ao do homem perfeito, redimido, que supera os sofrimentos e a roda de infortúnios, saindo do samsara dos Hindus, e alcança a perfeição, purifica-se.

Aliocha é a busca do ciclo virtuoso, do bem, é a saída da noite da consciência para alcançar o universo iluminado, a compreensão ampla, que vence o ódio, que supera os ciclos de revolta que levam sempre ao mesmo fosso, à mesma noite.

Somos livres para buscar o Sentido de nossas vidas e cada um tem sua própria noite para vencer. E que a literatura possa auxiliar-nos a prever as consequências de nossos atos, a ter uma imaginação que nos auxilie a caminhar melhor e ser realmente livres, no sentido de escolher com mais consciência, sem que sejamos vítimas de falsos ideais. Desta forma, resguardados, continuemos nossa busca na EAL em direção ao Bom, ao Belo e ao Verdadeiro.

E que também possamos ser livres para errar, e pedir perdão, e não ser tão duros conosco, não nos transformar em nossos próprios algozes, como aconteceu com Mitia e Ivan, mas buscar a mesma leveza do amor de Aliocha, que estende a mão sem julgamento. Em momento nenhum Aliocha é o Juíz, ele se põe no lugar de servir, ele não coloca mais peso nas costas dos que carregam a cruz, mas alivia o fardo, comparte das dores, possui, portanto, a compaixão.

Aliocha é a pedra angular do Romance que, passando por tantos atritos e intempéries, vai imantando-se progressivamente, até que, ao final da obra, várias crianças magnetizam-se em torno de sua presença, todas buscando por um consolo, já que um de seus colegas havia morrido. Então Aliocha, mesmo depois de todo o sofrimento que lhe coube durante a vida, dirige-se a elas e lhes afirma:

“Ah! Minhas criancinhas, ah! Meus queridos amigos, não tenham medo da vida! Como a vida é bela! Quando fazemos algo bom, algo verdadeiro, a vida é bela!”

Pois Dostoievski, em seu fulgurantes escritos e lampejos de consciência, depois de uma trama de tanto sofrimento e corrupção, desgaste moral, sangue e lágrimas, mostra-nos o retorno à alegria, à redenção, às coisas verdadeiramente belas, ao quintal da infância, aponta-nos um caminho para a eternidade, para a purificação. A redenção é sempre um retorno a si e à criança que temos em nós. Deixa-nos, pois, ao final da obra, um apelo para melhorarmos nossos corações, seguindo a mesma lição que o Mestre de Aliocha deixara para a humanidade inteira:

Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. Marcos 10,13-16.


[1] A revolta não pertence a nenhuma tendência, é antes uma atitude que pode estar presente em todos os espectros: Está na política, nas relações pais e filhos, patrão e empregados, em todo o tecido social.
[2] Para compreender o que é Sentido, do alemão Sinn, leia as obras do psicólogo Viktor Frankl, criador da Logoterapia, que identificou as causa das neuroses modernas: o vácuo noológico, isto é, ausência de significado e sentido na cognição e no agir humanos.
[3] Peterson, Jordan. Maps of Meaning.
[4] Escrevi objetos e acontecimentos, mas não pessoas, pois pessoas podem ser o próprio fator gerador de sentido aos quais tudo o mais se subordina: quando alguém devota-se a uma causa humanitária, ou ao provento de uma criança, etc.
[5] Tensão utilizada no sentido de Mário Ferreira dos Santos. Tensão é a união dos elementos governados sob uma forma.
[6] O catolicismo que se desenvolve na Rússia é distinto da maior parte do Brasileiro, sendo da linha ortodoxa do cristianismo.
[7] Como já ouvimos antes de Protágoras.
[8] Madonna vem do italiano antigo, ma donna, e significa “minha Senhora”. É um termo utilizado para se referir a pinturas ou esculturas de virgem Maria, e depois é usado de forma mais geral para explicar a mulher perfeita em virtudes e beleza.
[9] Sodoma é uma antiga cidade no Oriente Médio, que sucumbiu por punição divina devido à prática de imoralidades e orgias.


Graduado em Economia e Mestre em Administração e Negócios pela UFMS, fellow da Fundação Alexander von Humboldt. Seu foco é no desenvolvimento de pesquisas na área de finanças e sistema bancário. Atualmente é empresário, desenhando e executando projetos na área de empreendedorismo na Alemanha, e é também consultor de internacionalização de negócios com foco no Brasil, Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.


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Entre abismos e belezas: a obra “Os Irmãos Karamazov” de Fiódor Dostoiévski (Parte I)

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2 respostas

  1. Agora sim, achei a sequência. Um capítulo só para Aliocha, com todo o gás. Mas não me parece tudo tão previsível no desfecho desse romance. Talvez, por isso, achei o final um tanto decepcionante . Resumindo dá a volta ao mundo, para no final fazer a pregação de que o bem sempre vence o mal. Mas no mundo prático, não me parece assim, ao menos externamente. É certo que há uma ordem no universo, agora não sei se ela necessariamente é boa ou ruim. As vezes, porque não até mesmo indiferente em relação a nós. Mas ainda que assim for, com mais razão devemos fazer o certo, pela simples razão de que uma coisa, para mim é da essência dessa ordem, independente da indiferença dela. Só funciona plenamente assim. Exemplo maior são os astros, se não houvesse essa ordem e cada um deles resolvesse dançar a música das esferas do seu próprio jeito, talvez estaríamos mais do que agora e sempre comprimidos num ponto micro, um buraco negro, no nihil do nada ainda. Em suma, no mundo da aparência, a vitória do bem, na sua grande maiorias das vezes, tem como única testemunha apenas o coração do derrotado. Assim é e, por isso mesmo,que se deve sempre fazer o bem, pois ele, mesmo na derrota aparente, prevalece
    no coração do homem ou nesse verdadeiro campo de batalha entre o bem e o mal, ou como chama Dostoiévski, Deus e o Diabo, pois afinal ainda que o primeiro não exista , nem tudo é permitido. Parabéns mais uma vez pela sua análise e aguardando agora, uma sobre o melhor que eu gostei nessa obra, o capítulo de O Grande Inquisidor.

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